quarta-feira, 28 de maio de 2014

Angelina

Reclamei muito dos dias, Angelina. Eles não passam, estão cada vez mais tediosos, minhas séries favoritas não me alegram mais nos sábados a noite, acordo com vontade de umas biritas e sempre passo as segundas chorando com Amor Para Recordar. Tosco, eu sei, mas você sempre me fazia assistir quando tua tpm atacava. Quebrei meu celular e joguei os (nossos) livros favoritos fora, a estante está mais vazia que meu estômago - sobrevivido de cereal e leite, e meu coração - esse já não sei mais qual é a dele, um mês sofrendo de ausência, mais um mês chorando de saudade e nesse mês resolveu apenas bombardear. Se choro, não é de saudade e sim de quem fui antes de você. Me devolve aí, pô. Recuperar meu amor próprio, atender os telefonemas dos amigos pro happyhour de sexta e trabalhar com vontade de ganhar uma promoção. Me devolve, menina! Você me levou tão rápido o que eu demorei a construir de mim. Você sabe, odeio diálogos, não sei continuar aquela conversa de elevador, mas você não me deixou nem o boa tarde. Foi e levou o cafezinho da secretária com você, ficou comigo a bolacha murcha e a saudade, daquelas que aperta o coração e soca o estômago, que me faz te odiar pelo péssimo final de semana dentro desse apê alugado, com esses filmes românticos que achava idiota e agora me supre a tua falta, ou 40% dela. Nada vai conseguir ser o suficiente um dia, só costumeiro, menina. Só. Eu vou te odiar mais ainda por sua mudança de relacionamento de novo, e mais ainda quando postar a foto com aquele cara babaca, mas a verdade, Angelina, é que eu não posso te negar o amor que te sinto. Não dá, pô, não dá. É só o que meu coração chora e eu suspiro por fora, teu nome ecoando nele e na cabeça, teus detalhes espalhados pela casa e eu só aceito deixá-los porque sei que você já deu tchauzinho. 
Eu te amo, porra, Angelina das pernas finas, do cabelo bagunçado, da mania de falar com autoridade, de sempre esquecer a toalha na cama e a vasilha de cereal na sala, das fitas que tu desarruma do videogame, aqueles grampos que ocupavam toda a pia do banheiro, das ligações que você fazia no meio da reunião do escritório com aquela tpm desgraçada perguntando se eu a amava. E eu te amava, Angelina, te amei e, porra, eu vou te amar desgraçadamente até esse mar de saudade continuar.