sexta-feira, 28 de março de 2014

para você pós-não-meu

você é só meu bagulho que não tiro da sala, não jogo no lixo e apago a caixa de mensagem. você é só mais uma saudade e a nossa data é agora mais um número no calendário. você é só uma fotografia passada e uns textos bem elaborados - sem melodramas, nem romantismo, só palavras. os teus presentes não saem da estante, não desembalo o ursinho fofo que você me trouxe naquele dia chuvoso que brigamos feio, e você, carrancudo e furioso, saiu antes de começar meu discurso do drama existencial. eu te entendo, nem eu me suportaria tanto. você é só um mapa que eu queria tanto desvendar e, na verdade, me perdi muito até te encontrar. você só me é os dias bonitos e de música alta enquanto arrumo a casa, hoje eu sou as noites vazias e os rocks clássicos dos anos 90. você é só toda a confusão que me ajeitou e bagunçou (pior ainda) depois. 
você é só você. 
a verdade é essa. 
e então você passou a ser o meu você-até-mês-passado, o você-da-saudade, o você-da-minha-lembrança. o você-não-meu-mais. 

(ontem vi você no bar que fomos a última vez, estava lindo com a camisa verde-escura. você sorria na mesa com os amigos e eu fechei o vidro do carro para não me ver. 
deus, você continua lindo. tão-lindo-sendo-você). 

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